Comparação entre distintas formas de organização urbana de um período relativamente próximo. Ilustração de Talianki extraída de: link. Ilustração de Uruque extraída de: link. Informações usadas como referência: Talianki, Uruque. |
- Observação: esse ensaio trata de questões mais teóricas e não tem a pretensão de ser um estudo aprofundado da questão. Desenvolveremos numa publicação futura uma perspectiva mais abrangente sobre esse assunto.
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Introdução
1. Breve comentário sobre o método da crítica da economia política:
O concreto é concreto porque é a síntese de múltiplas determinações, portanto, unidade da diversidade. Por essa razão, o concreto aparece no pensamento como processo da síntese, como resultado, não como ponto de partida, não obstante seja o ponto de partida efetivo e, em consequência, também o ponto de partida da intuição e da representação (MARX, 2011, pp. 77-78 do pdf).
1. 1. Definição do objeto de estudo:
2. Crítica dos modelos teóricos hegemônicos:
2. 1. Crítica da psicologia evolutiva como forma de neoevolucionismo:
2. 2. Crítica do pseudo-marxismo da social-democracia e sua apologia do progresso:
3. Hipótese teórica sobre a gênese real das sociedades de classe:
3. 1. Sobre as sociedades de classe:
3. 2. Hipótese de estudo sobre a transição para as sociedades de classe:
Ilustração de um cenário histórico possível (aproximativo): A história das cidades mesopotâmicas começa por volta de 5500 e 4000 a.C., através de um povo não semítico que se estabeleceu nessa região. Atualmente eles são chamados de proto-eufrateanos ou ubaidianos (em função de Tell el-Ubaid, um sítio arqueológico da região). Considera-se que eles teriam vindo do norte da Mesopotâmia em busca de novas condições de vida (KRAMER, 1969) e que tiveram uma convivência e mistura pacífica com os Halafianos.Os ubaidianos encontraram nos interflúvios dos rios Tigre e Eufrates uma série de diques produzidos por processos naturais da hidrografia da região do Levante que facilitaram a drenagem, o plantio e o cultivo através de uma agricultura rudimentar combinada com atividades de pesca e caça. Além da drenagem e o cultivo, os ubaidianos desenvolveram indústrias de tecelagem, couro, metais, alvenaria e cerâmica. Se disseminaram através de aldeias e pequenas cidades, construídas de adobe (dada a escassez de pedra da região).No entanto, as condições relativas de prosperidade não perduram, uma vez que: “Pelo fim do Quinto Milênio antes de Cristo, algumas das hordas de nômades semitas que habitavam o deserto da Síria e a península da Arábia, a oeste, começaram a infiltrar-se nas povoações ubaidianas, ora como conquistadores com propósitos de pilhagem” (KRAMER, 1969, p. 33).Se nossa hipótese estiver correta, a gênese das classes sociais ocorre nessa espoliação territorial que incidiu sobre os ubaidianos. Ela foi complementada pela invasão suméria que ocorre “por volta de 3.500 anos antes de Cristo, vindos provavelmente da Ásia Central, através do Irã” (idem).Os Sumérios eram um dos povos nômades que viviam pelo planalto iraniano e no alto dos Montes Zagros, como sugerem as evidências linguísticas (OPPENHEIM, 1998, p. 50) e genéticas (AL-ZAHERY et al., 2011). Sugere-se que foram empurrados pela escassez de recursos até a região do Levante onde se estabeleceram. As cadeias montanhosas da região mesopotâmica garantia certa estabilidade política contra ataques de outros povos que faziam parte do território de rivalidades dos Sumérios e dava aos mesmos a capacidade de imperar sob os recursos da região.
Portanto, os dois processos de pilhagem que incidiram na Mesopotâmia indicam que é necessário o encontro de duas séries de causalidade: um povo territorializado e um povo desterritorializado (impulsionado por conflitos de um território de rivalidades) que toma o desenvolvimento histórico do primeiro (realizando uma reterritorilização complementar no processo de espoliação). Isso está de acordo com o que afirmaram certa vez Marx e Engels (2008, p. 70): “Não há nada mais comum do que a noção de que na história, até agora, tudo se reduziu ao ato de tomar. Os bárbaros tomam o império romano e, com esse fato, explica-se a passagem do mundo antigo à feudalidade”. De nossa parte, dizemos: os Semitas tomam os Ubaidianos que são tomados pelos Sumérios e, com esse fato, explica-se a passagem das sociedades sem-classe para as sociedades com classe (embora isso seja apenas uma analogia que aplicamos para uma área geo-histórica específica).
- Curiosidade: teóricos como Carl Schmitt também admitem que o Estado está fundado no estado de exceção, no arbítrio contra o inimigo público, que nada mais é, em nossa análise, do que uma organização da violência repressiva para manter os dominados sob dominação, constranger e impedir a rebelião (que eles chamam de guerra civil).
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