quarta-feira, 1 de abril de 2020

Coletânea de textos tratando a questão da pandemia do novo coronavírus sob várias perspectivas



Reunimos uma série de contribuições para o debate acerca das questões que envolvem a pandemia do novo coronavírus. Tratam-se de reflexões necessárias para compreender as implicações sociais globais que tal processo produzirá em nossas vidas.

– Artigos de Autores:


ZIBECHI, Raúl. Coronavírus: a militarização das crises. 29 fev. 2020. Disponível em <http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/596663-coronavirus-a-militarizacao-das-crises-artigo-de-raul-zibechi>.

  • Trecho síntese que serve de resumo: “Considero que estamos diante de um ensaio que será aplicado em situações críticas, como desastres naturais, tsunamis e terremotos, mas, sobretudo, diante das grandes convulsões sociais capazes de provocar devastadoras crises políticas para os de cima. Em suma, eles se preparam para eventuais desafios à sua dominação”.


AGAMBEN, Giorgio. O estado de exceção provocado por uma emergência imotivada. 27 fev. 2020. Disponível em <http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/596584-o-estado-de-excecao-provocado-por-uma-emergencia-imotivada>.

  • Trecho síntese que serve de resumo: “Assim, em um perverso círculo vicioso, a limitação da liberdade imposta pelos governos é aceita em nome de um desejo de segurança que foi induzido pelos próprios governos que agora intervêm para satisfazê-lo”.


PAUL, Ian Alan. Dez premissas para uma pandemia. 22 mar. 2020. Disponível em <https://medium.com/@joaolucasxavier/dez-premissas-para-uma-pandemia-5f4dfd36f144>.

  • Trecho síntese que serve de resumo: “Uma pandemia não é uma coleção de vírus, mas sim uma relação social entre pessoas, mediada por vírus”.


Observações críticas: os textos de Zibechi e Agamben colocam em questão uma suposta “desproporção” com relação às medidas adotadas e destacam o “alarmismo” induzido midiaticamente. Não obstante, as leituras destes autores parecem muito simplistas com relação à questão epidemiológica mesma, usando o novo coronavírus como pretexto para afirmarem suas próprias teses (que já são mais ou menos conhecidas por quem os lê). A questão é diferente com relação ao texto de Ian Alan Paul, pois o novo coronavírus não aparece como um coadjuvante, mas um mediador importante que (re)agencia a vida humana.

– Artigos de Organizações/Grupos:


CCI (Corrente Comunista Internacional). Pandemia da Covid-19: um sintoma da fase terminal da decadência capitalista. 16 mar. 2020. Disponível em <https://pt.internationalism.org/content/390/pandemia-da-covid-19-um-sintoma-da-fase-terminal-da-decadencia-capitalista>.

  • Nesse texto, o grupo CCI (Corrente Comunista Internacional) busca sintetizar as implicações do novo coronavírus durante a, assim chamada, “fase terminal da decadência capitalista”. Apesar da narrativa apologética do “progresso” (de uma providência das forças produtivas), suas críticas às dinâmicas sistêmicas e os precedentes históricos de sucateamento da saúde pública são fundamentalmente pertinentes para o debate.


Chuang. Contágio Social – coronavírus, China, capitalismo tardio e o mundo natural. 26 fev. 2020. Disponível em <http://afita.com.br/outras-fitas-contagio-social-coronavirus-china-capitalismo-tardio-e-o-mundo-natural/>.

  • Neste texto, o grupo comunista chinês “Chuang” desenvolve um estudo amplo sobre questão. Consideramos que esta é, de longe, a melhor reflexão sobre as implicações do novo coronavírus. Trecho que indica a proposta: “Agora não é hora de um simples exercício do ‘Scooby-Doo Marxista’ de tirar a máscara do vilão para revelar que, sim, de fato, era o capitalismo que estava causando o coronavírus o tempo todo! Isso não seria mais sutil do que comentaristas estrangeiros caçando possibilidades de uma mudança de regime. É claro que o capitalismo é o culpado – mas como exatamente a esfera socioeconômica interage com a biológica e que tipo de lições mais profundas podem ser tiradas de toda essa experiência?”.


Emancipação (Internacionalistas). Coronavírus: Salvando Vidas, Não Investimentos. 14 mar. 2020. Disponível em <http://pt.emancipacion.info/coronavirus-salvando-vidas-nao-investimentos/>.

  • O grupo enfatiza a necessidade do internacionalismo proletário para enfrentar a pandemia e indica alguns pontos comuns pelos quais lutar durante a pandemia. Trecho que indica a proposta geral: “A principal lição que o desenvolvimento da epidemia tem que nos deixar como trabalhadores é que as ameaças que enfrentamos como classe são globais: o vírus, como a crise, não conhece fronteiras, e o que acontece em cada lugar afeta o resto. Simplesmente não existem soluções nacionais. Mesmo a «coordenação» não pode ser esperada; os interesses de cada capital nacional impedem as classes dirigentes de fornecer soluções verdadeiramente globais. Eles terão sempre um incentivo para «esperar um pouco mais», para nos chamar a «continuar com a vida» primeiro e depois a «responsabilidade individual»… desde que não percamos a nossa vantagem competitiva”.


CrimethInc. Contra o Coronavírus e o Oportunismo do Estado: Anarquistas na Itália Relatam a Disseminação do Vírus e da Quarentena. 16 mar. 2020. Disponível em <https://pt.crimethinc.com/2020/03/16/contra-o-coronavirus-e-o-oportunismo-do-estado-anarquistas-na-italia-relatam-a-disseminacao-do-virus-e-da-quarentena>.

  • Relato de anarquistas italianos dos primeiros dias da pandemia no país até a data da publicação do texto. Destacamos que a trajetória italiana serve de ilustração para certos dilemas que emergiram no de modo análogo Brasil (como a questão da despreocupação inicial, dentre outras questões apresentadas no texto).



  • O título do texto já é auto-explicativo: trata-se de uma série de elaborações de estratégias de sobrevivência e resistência, sob um prisma anarquista, para aplicar durante a crise do novo coronavírus.


CCE (Círculo de Comunistas Esotéricos). Crisis sanitaria o crisis civilizatoria. Março de 2020. Disponível em <https://mega.nz/#!Sl0CnIJQ!FltAu7X52dpDGB69dC-UTIlTmRfAZYwBm2OaM7plvQs> [documento em pdf].

  • Panfleto difundido pelo grupo chileno CCE (Círculo de Comunistas Esotéricos). Trecho com indicativo do tema (tradução do espanhol): “A única maneira de sair da crise sanitária é colocar em causa os limites e projeções do projeto civilizatório em que nos desenvolvemos e que manifesta a sua crise de forma rampante com milhares, e possivelmente milhões, de mortos em todo o planeta a partir de um episódio específico”.

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